Resolvi postar algo sobre esse tema estimulada pela minha querida amiga e fisioterapeuta Mari, que está linda, grávida do Bernardo e que vira e mexe troca umas ideias sobre a gestação comigo. Outro dia ela me questionou sobre a episiotomia, se era realmente necessária, se poderia ser prejudicial. Eu tenho minha opinião, mas resolvi pesquisar o que há na literatura sobre o tema e aí vai:
Acabei encontrando um estudo muito bem feito da Escola de Enfermagem da USP, o qual serviu de base para eu escrever o conteúdo abaixo. Para quem tiver interesse em ler na íntegra aqui segue o link, muito bom!!!! http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/9.pdf
O QUE É? Episiotomia é uma incisão cirúrgica na região da vulva, para impedir ou diminuir o trauma dos tecidos da região favorecendo a liberação do bebê. Se bem indicada evita lesões desnecessárias geradas pela pressão que a cabeça do bebê faz no períneo. O corte costuma ser feito quando a cabeça fetal está suficientemente baixa, a ponto de distender o períneo, antes de ocorrer uma distensão exagerada. Não pode ser feito cedo demais, para não provocar um sangramento excessivo.
POR QUE É FEITA? Na década de 20 a episiotomia era usada como modo de prevenção para evitar traumas perineais e prevenir a morbimortalidade infantil e problemas ginecológicos, tais como retocele, cistocele e relaxamento da musculatura pélvica, mas atualmente a maneira como esse procedimento é feito em alguns serviços, indiscriminadamente, é questionável.
COMO É FEITA? A episiotomia pode ser lateral, médio-lateral e mediana, neste caso denominada de perineotomia. A episiotomia lateral está abandonada por seus inconvenientes, pois essa região, além de muito vascularizada, ainda pode lesar os feixes internos do músculo elevador do ânus. A episiotomia médio-lateral é a mais usada, e a incisão abrange pele, mucosa vaginal, aponeurose superficial do períneo e fibras dos músculos superficiais do períneo e algumas vezes, fibras internas do elevador do ânus. A episiotomia mediana apresenta como vantagens menor perda sangüínea, é fácil de reparar, maior respeito à integridade anatômica do assoalho pélvico, menor desconforto doloroso e raramente é acompanhada de dor durante as relações sexuais posteriormente.
Um fator que aumenta a taxa de episiotomia é manter a mulher deitada, pois essa prática aumenta a duração do trabalho de parto e do risco de sofrimento fetal, com diminuição da intensidade e da eficácia das contrações. Na posição deitada ocorre compressão da veia cava inferior, diminuindo o fluxo sangüíneo para o feto.
Em 1996 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o “Guia
Prático para Assistência ao Parto Normal” com base em 218 estudos onde mostraram as melhores evidências científicas e classificaram as práticas relacionadas ao parto normal em quatro categorias:
Categoria A: Práticas demonstradamente úteis e
que devem ser estimuladas;
Categoria B: Práticas claramente prejudiciais ou
ineficazes e que devem ser eliminadas;
Categoria C: Práticas em relação às quais não
existem evidências suficientes para apoiar uma
recomendação clara e que devem ser utilizadas
com cautela, até que mais pesquisas esclareçam
a questão;
Categoria D: Práticas freqüentemente utilizadas
de modo inadequado.
O uso liberal ou rotineiro da episiotomia está classificado na Categoria D
Ref.: World Health Organization. Classification of practices in normal birth. In: Care in normal birth: a practical guide. Geneva; 1996. p. 34-7. (WHO Technical Report Series FRH/MSM/96.24)
A episio não deve ser usada sem indicações, de forma rotineira. Como no caso da cesárea, ela deve ser feita quando realmente houver necessidade e a gestante for se beneficiar do procedimento.
Quais situações então podem ter essa indicação?
- sinais de sofrimento fetal
- progressão insuficiente do parto
- ameaça de laceração de 3º grau
sutura, as de 2º grau podem ser suturadas e, em geral, cicatrizam sem complicações. Já as lacerações de 3º grau podem provocar conseqüências mais sérias como fístulas ou incontinência fecal, e daí sim deve ser feita a episio, para proteger o períneo da gestante.
FAZER OU NÃO FAZER?
Como sempre o que deve prevalecer é o bom senso. A gestante deve sempre conversar bastante com o obstetra e ter confiança no trabalho que ele faz. Mas o conhecimento é uma arma fundamental para você opinar e esclarecer suas dúvidas!!!!
Um abraço
Juliana