terça-feira, 3 de julho de 2012

ÁLCOOL E SAÚDE

Olá pessoal,
hj quis trazer algum assunto novo para o Blog. Pensei em algo mais instrutivo, educativo. Todos nós estamos cansados de ouvir notícias sobre os efeitos do álcool sobre o organismo, que em moderação podem ser bons, mas que em excesso são catastróficos, e não só para quem bebe, mas para toda a sociedade, quando esses indivíduos resolvem dirigir, ficam agressivos, e assim vai.

Quem me conhece sabe que sou fã de uma cervejinha e um bom vinho, mas o exagero não dá!!!

Por isso, retirei um trecho de uma entrevista feita pelo Dr. Drauzio Varella com um especialista no assunto. Vou colocar uma parte e num proximo post coloco o resto, pois é bem longa.

Vale ler e refletir!!!!


Ação e efeitos do álcool

Entrevistado: Dr. Ronaldo Laranjeira, médico, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Escola Paulista de Medicina na Universidade Federal de São Paulo e com PhD em dependência química na Inglaterra.
Quando se fala em dependência química, a preocupação maior é com as drogas ilícitas, cocaína, maconha, crack, ecstasy, entre tantas outras. No entanto, o grande inimigo está camuflado sob o manto do socialmente aceitável. O álcool nem sequer é considerado uma droga que causa dependência física e psicológica por grande parte da sociedade. Sua venda é livre e ele integra a cultura atual ligada ao lazer e à sociabilidade. Uma reunião em casa de amigos, o happy hour depois de um dia estafante, a balada de sábado à noite, a paradinha no bar na saída do escritório não têm sentido sem a bebida alcoólica.
O efeito relaxante das doses iniciais, porém, desaparece com o aumento do consumo. Se o convívio com uma pessoa embriagada incomoda, isso não é nada diante dos males que o álcool pode causar e que não se restringem às doenças do fígado. A labilidade emocional que num instante transforma o alcoolista risonho num indivíduo violento é responsável não só pelo aumento da criminalidade, mas também pela desestruturação de muitas famílias.
Beber com moderação é possível, mas raros são os que reconhecem estar fazendo uso abusivo e nocivo do álcool. Muitos ainda não são dependentes, mas incorrem em riscos que deveriam e poderiam ser evitados. Não se pode esquecer de que a grande maioria dos acidentes de trânsito ocorre quando está no volante uma pessoa alcoolizada.

METABOLISMO DO ÁLCOOL
Drauzio – Ninguém injeta álcool na veia. A partir do momento em que a bebida cai no estômago, qual é o trajeto do álcool no organismo?
Ronaldo Laramjeira – O álcool é absorvido rapidamente pelo estômago e duodeno e, em instantes, cai na circulação sanguínea. Na primeira passagem pelo fígado, começa a ser parcialmente metabolizado, ou seja, o organismo procura formas para livrar-se dele, destruindo suas moléculas e expelindo pequena porcentagem delas pela urina, suor, hálito, etc. O que sobra desse metabolismo inicial vai exercer sua ação em todo o organismo, pois são necessárias várias passagens pelo fígado para que ele seja destruído completamente.
É no fígado, portanto, que a estrutura química do álcool é alterada e ele é decomposto em gás carbônico e água.

Drauzio – Quer dizer que a capacidade de o fígado destruir o álcool é limitada?
Ronaldo Laranjeira – É limitada, mas constante. Leva mais ou menos uma hora para o fígado metabolizar um copo de vinho e não há nada que se possa fazer para acelerar esse processo. Então, se a pessoa tomou dez copos de vinho, vai ficar com álcool no sangue por pelo menos dez horas. As pessoas perguntam se glicose ou café forte, por exemplo, ajudam a eliminar o álcool mais depressa. Isso não acontece sob hipótese alguma.

Drauzio – O fígado tem a capacidade de metabolizar um copo de vinho por hora. Um copo de vinho equivale a uma latinha de cerveja ou a uma dose de destilado…
Ronaldo Laranjeira – Equivale a uma dose bem pequena, 50ml de destilado. É o que cabe naqueles medidores convencionais usados em bares ou em uma xícara pequena de café. Esse é o tamanho da dose da qual o organismo consegue livrar-se em uma hora.
Se alguém bebeu demais e está inconveniente, a tendência das pessoas ao redor é colocá-lo debaixo do chuveiro e enchê-lo de café forte. No entanto, o máximo que conseguem com tais medidas é ter um bêbado desperto, porque ele continuará alcoolizado. No caso de intoxicação alcoólica, o melhor é deixar a pessoa dormir o tempo necessário para livrar-se do álcool que bebeu em excesso.
Ter conhecimento dessas características do metabolismo do álcool é muito importante para estabelecer um parâmetro em relação ao beber e dirigir. Quem bebeu um copo de chope ou de vinho deve esperar pelo menos uma hora para poder dirigir um automóvel com mais segurança.

Drauzio – É uma pena, mas ninguém respeita essa limitação.
Ronaldo Laranjeira – Ninguém faz isso e todos pagamos alto preço por esse descaso. O número de mortes de jovens relacionadas ao beber e dirigir é muito grande. Os dados são assustadores. Cerca de 50 mil brasileiros morrem por ano nesse tipo de acidente, mais ou menos o mesmo número de soldados mortos na Guerra do Vietnam. Essas informações devem ser enfatizadas até se integrarem no dia a dia das pessoas para que elas se conscientizem e se programem corretamente. Se vão a um restaurante ou a um bar e bebem dois ou três copos de vinho ou de cerveja, precisam saber que o melhor é esperar o efeito do álcool desaparecer antes de pegar o carro outra vez ou, então, deixar que outra pessoa dirija em seu lugar.

Drauzio – Você disse que metabolizamos um copo de vinho por hora e que, se tomarmos dez copos de vinho, somente em dez horas o fígado se livrará de todo o álcool ingerido. Ele consegue eliminar o álcool ingerido completamente?
Ronaldo Laranjeira – Em geral, consegue. No entanto, se o fígado for continuamente estimulado por longos períodos de exposição ao álcool, nem sempre dará conta de eliminá-lo por completo sem ser lesado. Dentro do processo de entrar álcool e sair CO2, existe a formação de uma substância intermediária, o acetaldeído, que é muito mais tóxica e lesiva para o fígado e para o organismo como um todo do que o próprio álcool.

Drauzio – Você disse que o álcool é absorvido pelas paredes do estômago, cai na circulação e na primeira passagem pelo fígado é parcialmente destruído. Para onde vai o que sobra desse metabolismo inicial?
Ronaldo Laranjeira – Na realidade, o álcool é uma droga que age do fio de cabelo até o dedão do pé, mas a ação farmacológica inicial mais identificável é o efeito cerebral caracterizado por certo torpor e sensação de relaxamento. Em doses baixas, o efeito pode ser até agradável. No entanto, se as doses forem aumentadas agudamente, além do efeito relaxante ocorre torpor mais intenso e até coma alcoólico, que é raro, mas não improvável.

EFEITO DO ÁLCOOL NOS CIRCUITOS CEREBRAIS

Drauzio –O rapaz chega na festa um pouco ansioso, não conhece as pessoas, toma o primeiro copo de vinho ou de um destilado qualquer, fica um pouco mais relaxado, começa a conversar e se integra socialmente com mais facilidade. O que aconteceu em seu cérebro que justifica essa mudança? 

Ronaldo Laranjeira – O álcool age em vários sistemas químicos cerebrais. Sua primeira ação é sobre a química do controle da ansiedade, o sistema GABA. A pessoa fica mais relaxada, tende a filtrar os estímulos e por isso interage melhor com os outros. Se ela chegou à festa muito ansiosa, com medo de ser criticada ou de estabelecer relações, uma pequena dose de álcool irá relaxá-la um pouco e a tornará menos perceptiva em relação aos outros e mais em contato consigo mesma.

O álcool é uma substância complexa com ação farmacológica muito variada. A partir do momento em que o consumo aumenta, ele pode agir não só no sistema de relaxamento, mas em outros sistemas do cérebro. Dependendo da quantidade ingerida e da química cerebral de cada pessoa em particular, o relaxamento inicial pode dar lugar à sonolência ou a muita agressividade.

Drauzio – O bêbado é sempre muito emotivo.
Ronaldo Laranjeira – Fica muito emotivo e chora com facilidade. Essas diferenças de ação do álcool variam muito de pessoa para pessoa de acordo com a química cerebral de cada uma.

Drauzio – Os estágios são sempre os mesmos? Primeiro o álcool age sobre a química que produz relaxamento e depois caminha por outros circuitos cerebrais?
Ronaldo Laranjeira – Nem todo o mundo reage da mesma forma. A maioria responde a baixas doses de álcool com relaxamento leve e agradável. Uma minoria, porém, mesmo com baixas doses, fica muito violenta. Meio copo de cerveja pode desencadear reações totalmente descontroladas. É o que se chama de intoxicação patológica.

Para quem quiser ler direto da fonte: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/acao-e-efeitos-do-alcool/


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